São Tomás de Aquino teve uma importância destacada no pensamento
medieval em relação ao cristianismo.
O pensamento de Aristóteles, firmava-se de tal modo, que era
preciso chegar a uma posição para que os fundamentos cristãos não se tornasse
ameaçador pois, suas obras eram
ensinadas por clérigos na Faculdade de Artes, o tomismo buscou associar a
filosofia à teologia para que não contrariasse a fé.
Apesar de São Tomás, estudar a fundo a filosofia de Aristóteles em
função da teologia "importa não
perder de vista que os termos e conceitos aristotélicos devem ser interpretados
à luz do pensamento do Tomás" (Pág. 448)
Tomás de Aquino nasceu em Nápoles entre 1224 e 1225, foi educado
em um Mosteiro, estudou artes liberais, foi confinado a vários meses ao cárcere
por seus irmãos, restituída a sua liberdade foi à Paris e à Itália e compôs a Summa contra Gentiles . Já em Paris de
1269 a 1270, luta com o aristotelismo averroísta, falecendo em 1274 no Convento
em Fossanova.
1. Filosofia e Teologia
Pela tradição cristã, S. Tomás esclarece a diferença entre
filosofia e teologia, ao mesmo tempo em que faz uma crítica entre as duas como
colaboradoras uma da outra, mesmo que ínfima. Mesmo que alguns pensadores
cristãos já tivessem percebido essa diferença, nunca se manifestaram como Tomás
de Aquino.
I. A Filosofia e a Teologia
diferem por sua finalidade. A teologia apresenta somente aquilo que devemos
saber sobre a verdade, referente à salvação (As coisas
encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a
nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta
lei. Dt. 29.29). A filosofia busca a origem ou o porquê de tudo ignorando
fontes de pesquisas.
II.
A filosofia e a teologia diferem por seus respectivos métodos. A filosofia
busca argumentos em coisas, nas coisas aparentes do mundo externo. A teologia
busca respostas baseadas em Deus, no que Tomás de Aquino se refere "a Primeira causa", onde há
uma busca mais íntima, mais detalhada e mais convincente pela perfeição que transcede os limites da ordem
natural" (Pág. 450). A filosofia começa sua pesquisa pela criatura e
chega em Deus e a teologia pesquisa inversamente, pois a criatura é o resultado
da "Primeira causa".
Tomás
de Aquino não se põe como defensor da separação da teologia e filosofia, mas
mostra a colaboração entre as duas.
Harmonia
entre fé e ciência, pois ambas provém de Deus.
Mesmo a ciência para chegar a uma conclusão ela precisa de uma
autoridade para ser revelada, aonde na fé toda essa autoridade procede de Deus.
O conhecimento humano, desde o princípio, é Deus quem favorece ao homem. As
coisas reveladas pela ciência precisam de uma comprovação para serem aceitas
como verdades, e não pela metade. Quando acontece na sua totalidade, o
pensamento sobre tal coisa, no final se chega a origem da criação, que é Deus.
Para
que se acredite na verdade da razão, é necessário pensarmos com a fé. O
cientista, chega às respostas independente de fontes de pesquisas, simplesmente
à suas próprias conclusões. A fé, que ele acredita naquilo que ele está dizendo
como verdade.
Mesmo,
ainda que ele inicie alguma pesquisa, o pontapé inicial é referente à fé em
Deus e de onde surgiram todas as coisas, o ser e o não ser.
O
valor da filosofia para a teologia. A filosofia busca defender a fé,
racionalizando-a. Ela busca a sabedoria das coisas naturais, e quem conhece de
onde vem as coisas naturais não cai no erro de ignorá-las, e cada vez mais
anunciam a soberania de Deus. Aqueles que buscam um estudo sem o conceito de
Deus, deverão aguardar a sua recompensa no juízo final.
2. Teodicéia
Devido
a orientação aristotélica, Tomás de Aquino mostra que é preciso partir dos
sentidos para compreender a teodicéia, levando em consideração que Aristóteles
era filho de médico e buscava no visível compreender o mundo que vivemos. E a
partir dai, ele irá basear-se em fatores externos para a levar ao conhecimento
de Deus.
É em Summa contra Gentiles e Suma Theologica
que Tomás escreve sobre a existência de Deus, sendo o segundo mais detalhado,
onde encontramos que Deus é o primeiro motor, pois todas as coisas para
funcionarem precisam de uma energia, e essa energia é Deus, esse motor é Deus,
tudo funciona porque Ele as põe para funcionar. Esse "Primeiro motor"
é a causa de tudo ao nosso redor mover-se, todos os sentidos realizarem seus
atos.
Tudo
o que existe é porque sempre existiu. O que não existe, é porque provavelmente
nunca existiu. Para existir alguma coisa é preciso que antes dela tenha
existido algo semelhante a ela. Se existirmos, é porque alguém existiu antes de
nós. Mesmo que se tenha provado, que alguns seres se adaptaram ao ambiente, é
algo que foi forçado pela natureza mas, nada que tenha sido transmutado
exorbitantemente.
Para
ser, e ter qualidades, é necessário que se tenha algo anterior como máximo, que
tenha uma paixão acima de todas, e esse máximo é Deus. Somos
"co-herdeiros" e "participantes" também de sua essência, de
seu amor, transmitido para nós que por sua vez por nós a outras pessoas. Nos
tornamos nobres, bondosos, chegando à perfeição por que Deus participa isso em
nós.
Na
teodicéia, não se pode ignorar a superioridade de Deus, no tomismo se defende a
ideia de que Deus é o soberano e governante de todas as coisas. Para se chegar
ao fim é preciso que esse "primeiro motor" seja ligado e
consequentemente guie em direção ao objetivo. "Ora, o que não possui conhecimento só tende ao fim quando
dirigido por algo conhecedor e inteligente, como a seta pelo arqueiro. (Pág.
456) E aquele que não obtém do conhecimento, não chega ao fim que se deseja
mas, estará fadado a perecer.
Enquanto
que sobre as propriedades de Deu, consegui entender o quanto que todas "as criaturas são semelhantes a
Deus" (Pág. 458 - 2.a), quanto às suas características, qualidades,
porque foram criadas por Ele, e consequentemente podemos ver Deus em tudo o que
há na terra e nos céus.
3. A Criação
Há
em Deus um intelecto, por isso criou o mundo com diversas formas, e essas
formas dá-se o nome de ideias. As ideias provém de um intelecto, para que o
mundo fosse criado do jeito diversificado que é, é porque algo inteligível o
fez, então só pode ser Deus, o qual conhece tudo o que criou.
Em
relação ao começo do mundo, o Aquinate vale-se de suas pressuposições,
levando-o a mesma explicação dos dogmas, aproximando-se do aristotelismo. E ele
mesmo afirma que o inicio temporal do mundo não pode-se valer somente de argumentos
filosóficos científicos, pois juntamente com o mistério da Trindade, ainda não
é desvendado aos homens. Somente concordemos pela fé, o que é a verdade
absoluta em Deus.
A
outra questão, é: até que ponto a criatura é dependente de Deus, e que espécie
de autonomia lhes havemos de atribuir?
Segundo
o pensamento de Aristóteles sobre a Teoria do Conhecimento para buscar suas
respostas provém de 4 causas:
Causa eficiente: o que fez a coisa? A construção.
Causa formal: o que lhe dá a forma? A própria casa.
Causa final: o que lhe deu a forma? A intenção do construtor.
(fonte: http://www.psicoloucos.com/Aristoteles/teoria-do-conhecimento.html)
Pressuponho
que Tomás de Aquino, assim sugeriu seu pensamento em relação a dependência para
com Deus, uma vez o arquiteto dar a forma externa e nada estiver lá dentro para
que seja conservada a casa, ela definhará, sucumbirá aos escombros, ao desgaste
que o tempo traz, logo, um ser sem Deus não tem como existir em sua totalidade
e aparência inicial. Mas como Tomás definiu que mesmo que um ser viva e seu
progenitor não viva mais, ele continuará existindo; levemos para o lado da sua
existência em vida, como seria sem a educação ou repasse de valores
tradicionais, morais e éticos dados geralmente do progenitor, para sua
sobrevivência no mundo?
Analisando
anteriormente, vimos que o mundo foi criado para refletir a personalidade de
Deus, a sua perfeição. Também, notamos que o tomismo explica o quanto de
hierárquico ha no mundo onde um sobressai ao outro em ordem, tamanho ou
funcionalidade. Desde já pelas diferentes formas e aspectos do mundo já se vê
uma grande desigualdade em relação às coisas criadas.
Mesmo
sendo criados, à perfeição de Deus, o ser tende a cair e tornar-se uma criatura
imperfeita. ("E
mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem
corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis." Rm. 1.23)
Deus não é a causa do mal. o mal é uma privação do que é
perfeito, não se pode responsabilizar a Deus, do mal causado quando se dá um
abandono a Ele.
4.
O homem
O homem foi criado com todos os
sentidos dos animais e plantas com diferença, que tanto o homem quanto outros
seres inanimados há a união acidental de sensitividade, como calor, frio e etc.
Mas somente no homem há a união substancial, aquilo que trará a ele um ser
completo que um sem o outro não vive, pois a alma para exercer as funções
precisa de um corpo.
A alma é uma forma espiritual
pequena, existem diversas almas para que cada ser seja um indivíduo. A alma,
mesmo ligada ao corpo e transcendente, ela não sobressai-se a ele. A alma mais
perfeita é a do ser humano, ainda que a dos animais se assemelham por serem
dependentes.
5.
Teoria do Conhecimento
Destaco aqui, o ponto 4 da pág. 474, "o conhecimento da alma e de
Deus", para se conhecer o homem tem que atentar para a sensibilidade,
olhar para dentro de si mesmo e se esmiuçar, enquanto que isso ocorre
percebe-se logo o quanto se alma conseguiu-se elevar-se a altura de Deus, o
quanto ela conseguiu chegar o mais próximo de Deus. Daí vê-se o que realmente
busca o homem quanto a sua elevação e perfeição.
6.
Ética
O homem foi criado para o fim,
como todas as coisas criadas. O homem é capaz de compreender esse fim e daí se
dota de conhecimentos.
o intelecto tende a conhecer o
que é o certo, e passa exercer naturalmente os princípios sem notar, pois ele
sabe aonde ele quer chegar, mesmo sem sentir.
A liberdade na filosofia é
essencial, não se pode negar a liberdade
de escolher qual caminho se quer seguir, qual opinião se quer expressar ou que
pensamento se quer infundir. Com o livre arbítrio podemos distinguir aonde
queremos chegar, se viveremos para Ele conforme ele idealizou ou se serviremos
para repreensão.
Natureza
da bondade moral. Quanto ao conceito do ato humano há a
voluntariedade interior e a exterior. No interior há a intenção, de se chegar
ao fim com atitudes boas ou más. No exterior, tende a se fazer a primeira coisa
que se tem vontade.
No saber, definimos a virtude na vontade de
praticar o bem. Mas segundo o tomismo, ela é aplicada em três regulamentos:
justiça, temperança e fortaleza, é a partir daí que desencadeia a atitude do
homem.
Tendo em vista as leis que regem,
a conduta externa do ser humano, não importa o lugar, a comunidade, a tribo,
haja em consideração que elas estão interligadas a um só legislador. Todas as
leis do mundo, têm origem à "lei
eterna" (Pág. 481).
Considerações
Em todo o estudo sobre São Tomás
de Aquino, percebe-se que ele foi um mestre na escolástica medieval. Suas obras
são de fundamental importância na discussão filosófica da teologia, e como não
poderia deixar de apreciar, a sua integridade como cristão, firmeza em suas
teses e honestidade nas suas palavras quanto às dúvidas surgidas em meio aos
estudos aristotélicos.
O que me trouxe muitas perguntas
e ao mesmo tempo respostas vieram à minha mente durante essa leitura, foi a
cerca da temporalidade da criação e a união entre homem, alma e a Trindade.
Fez-me repensar, os conceitos do
cristianismo genuíno e atentar para várias vertentes filosóficas e desejo de
conhecer mais sobre os nomes citados no texto como o do judeu teólogo Moisés
Maimônides, o árabe Averrois que usou a filosofia aristotélica em prol de Deus
e o próprio Aristóteles como um grande pensador naturalista.
O texto em suma, desperta grande
curiosidade em conhecer o Aquinate, assim como despertou um grande desejo de
apreciar mais toda a criação como espelho de Deus.
Que legal!! Isso é uma aula!
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