quarta-feira, 26 de novembro de 2014

UMA SEGUNDA CONVERSÃO: REJEIÇÃO DA LEI


Percebo que o texto quer mostrar que Jesus não era convertido, apesar de acreditar que Ele é Deus e nasceu sabendo de tudo.
Confesso, que fiquei um pouco confuso ao ler o texto mas, também não posso ignorar totalmente o que li, afinal, Jesus veio ao mundo como homem para passar pelo mesmo que nós passamos.
Entendo, que ele teve uma vida normal, como criança brincou; como todo adolescente, passou por transição onde talvez, deva ter tido conflitos interiores; jovem, ao ponto de desejar um futuro brilhante de sucesso... Mas aos 30 anos (segundo, conheço que foi quando Ele deu início ao Seu ministério), Ele percebeu mesmo, que a Lei a qual viveram até ali estava cegando os olhos dos homens em obedecer-lhe somente.
Aliás, venho com o meu comentário entre parênteses, refletir:  "onde deu início ao seu ministério", que nessa época Ele tomou consciência da sua missão na Terra, ou seja, uma nova conversão. Agora, racional, creio eu.

JESUS
Segundo a Bíblia, Jesus é e sempre será superior a qualquer outro personagem contido nela. O autor escreve "Jesus... Recusou submeter-se aos requisitos da lei. Não domina nem controla sua vida", porque ali estava começando a aparecer na história como homem que entendia perfeitamente o plano de Deus para  vida Dele.
Não é a primeira vez que vejo, leio ou ouço de que Jesus deixou que concluíssem a respeito Dele, antes de declarar quem Ele realmente era.
Ficou claro, quando li em Marcos 1.7, que Jesus pudesse ser discípulo de João Batista, pois todos que andavam com ele e ouviam que tinham que se arrepender de seus pecados  e confessá-los  logo depois disto, eram batizados com água, deduz-se que Jesus também teve que se arrepender de seus "pecados", confessá-los ao Senhor e foi batizado.  Mas no momento, João Batista teve a confirmação e viu e ouviu uma voz que vinha dos céus para anunciar que "aquele era o Filho de Deus" (Mc. 1. 10,11).
Como Jesus se viu de maneira tão diferente daquilo que Ele era, antes de João Batista ser capturado?
O autor, diz que João estava preocupado de seus seguidores se desviarem do caminho que ele havia ensinado como o certo, e que precisava de alguém que o sucedesse. Qualquer discípulo de João poderia sucedê-lo mas, ele viu a Jesus, pelo seu nascimento (algo tão extraordinário, deveria ser ele o Messias), e foi comprovado através de suas ações. Sorte de João Batista, então.

REJEIÇÃO DA LEI
Quanto à declaração de Jesus no Sermão da Montanha "não cuideis para que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir", vejo em muitos casos que Ele estava mais preocupado em mostrar um significado maior para a prática das ordens de Deus; que Deus estava dando uma segunda chance para o povo escolhido, e em muitas passagens Jesus aconselhava a cumprir a lei.
Jesus rejeitou a lei quando os fariseus ou sacerdotes do templo impunham como maior que a personificação de Deus.
Os próprios "donos da lei" (posso assim dizer para aqueles que velavam a ela) esqueceram-se que no passado, Deus havia dado várias chances ao povo de Israel para se "arrependerem" e voltarem para o que Ele havia decretado como sendo justiça, o correto a fazer e a se viver se quisessem viver nos céus.
Jesus trabalhou seu ministério como intérprete soberano cheio de conhecimento da lei para se valer uma nova vida, uma nova conversão sim; não como povo bravo e defensivo mas, agora como "filhos de Deus, feitos a imagem e semelhança", o nascimento de uma nova era.
Jesus estava transmitindo, dessa vez como Deus gostaria de ser visto, o que Ele sempre foi, pois Deus é imutável.
Deus como Pai, que assim como as questões dos "limites" que damos ao filho e a correção no caso de romper com esses limites, Deus também os amava de forma diferente daquilo que viam a Ele como Deus dos castigos, ditador, etc.
"Deus assumindo a forma de Pai, não como legislador"

A PEDRA DE TOQUE DA SALVAÇÃO
Conforme foi crescendo, tudo o que Jesus havia aprendido com João Batista a cerca das leis judaicas, foi se desenvolvendo com seu entendimento da vontade verdadeira de Deus.
Jesus sabia que era o Filho de Deus e tinha ligação íntima e sobrenatural com Ele.
A vontade de Deus sempre esteve na lei mas, as pessoas tornaram-na acima de qualquer compaixão ou amor entre elas mesmas.
Pois o segundo maior mandamento é amar ao próximo como a si mesmo; natural compreendermos assim, pois a partir do sexto mandamento em Ex.20 lemos sobre relacionamento entre seres humanos, se houver preservação e obediência a essas leis o Deus que está no passado é o mesmo a quem Jesus veio representar.
Concluo que houve uma conversão em Jesus homem, discípulo de João Batista e judeu. Jesus tornou-se exemplo de como qualquer ser humano pode viver moralmente, eticamente, honestamente e justo.

PAULO
Quanto a sua conversão, foi diferente de Jesus, porque em Paulo houve uma mudança de atitude no momento em que encontrou-se com o Mestre. Mesmo aparentemente, segundo sua declaração em 2Co5.16, tenha conhecido a Jesus, e foi num momento muito depois de Sua morte.
Acredito que de algum modo Paulo pode ter se encontrado com Jesus mas, não que tenha sido o jovem rico da parábola em Mc 10.17-20, deduzo que Paulo tenha sido desde sempre o judeu ferrenho sem buscas de explicações para entrar no Reino do Céu que Jesus estava anunciando, sendo assim, logo depois o perseguidor dos cristãos.
A forma como Paulo conheceu a Jesus, mostra que ele nunca tinha encontrado pessoalmente com ele. Para um homem duro como Paulo, como poderia haver uma mudança se não fosse através de algo tão sobrenatural quanto o que aconteceu com aqueles que precisavam de um milagre de cura.
Paulo sabia que Jesus estava morto, e isso bastava, o que perturbava a ordem eram os integrantes da "nova seita surgida ali" O Caminho (At.9.2). Jesus vivo, depois de todo o relato que aconteceu com Ele antes e durante a sua morte, como? Paulo viu e sentiu. Esse encontro que, representava que qualquer pessoa poderia ter mesmo depois de dois mil anos, assim mesmo. O Cristo ressuscitado.
 Penso que Paulo conhecia muito bem a história de vida de Jesus e suas Palavras e ações de quando estava vivo, do mesmo modo que os fariseus odiaram a Jesus, Paulo era um deles.
Quando encontrou Jesus, e foi-lhe revelado que pregaria aos gentios, todas as palavras de Paulo e suas cartas foram com intenção de revelar a Cristo como Filho de Deus e Senhor aos que viviam sob mesma condição de Saulo (nome pelo qual atendia antes da conversão).
Além de Paulo conhecer sobre Jesus, logo após a aparição ele foi a encontro de Ananias, o qual deve ter falado mais a cerca do que Paulo havia experimentado. E esteve com os discípulos, com certeza aprendendo. O que Paulo diz em Gl. 1.11,12 "que o Evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os seres humanos. Porque não aprendi de ser humano algum, mas pela revelação de Jesus Cristo", me leva a entender que ele faz separação do que ouviu quando não era convertido e depois de convertido (que todo seu discurso foi mudado), até porque ele fala que o evangelho já estava sendo pregado de forma diferente daquilo que Jesus pregou.
"Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo" (Gl. 1.6,7)

REJEIÇÃO DA LEI
Quanto a Paulo, parece-me bem fácil ele rejeitar a Lei, pois Jesus já era a verdade absoluta para ele, então o que Jesus fez e que provavelmente foi difícil - pois ele já tinha uma educação e cultura de berço - era como se fosse uma abertura para O CAMINHO, então se Jesus era a verdade e falava com autoridade, e Paulo o reconheceu como o Messias esperado dos judeus, porque não rejeitar a lei e abranger o pensamento de Jesus para todos?

RESUMO DO TEXTO: A COMUNHÃO TRINITÁRIA: BASE PARA UMA LIBERTAÇÃO SOCIAL E INTEGRAL.


Livro: A Trindade, a Sociedade e a libertação, BOFF, Leonardo. 2ª Edição.

     Como funciona a relação entre as três pessoas da Dinvindade - Pai, Filho e Espírito Santo.
     Não basta, apenas, saber da existência dos três e afirmar que é um único Deus. Devemos entender a comunhão, interpenetração que vigora entre os três.
   Então, recorremos à reflexão teológica para ver a beleza e maravilhosa comunhão é essa, procuramos conceitos de palavras que podem esclarecer-nos: o conceito de vida, comunhão e pericórese. Este último é um termo teológico para referi-se a relação trinitária.
 
   1. DEUS É UM VIVER ETERNO
   Deus é ser mais elevado no conceito humano, é supremos, está acima de tudo e de todas as coisas em todos os atributos.
  Ele é a superioridade entre nós, tão superior que podemos nos prostrar em humilhação a Ele. Tão superior e maior, que quando precisamos, estamos em apuros somos dependentes Dele e somente Ele pode nos socorrer.
  Quem se prostra e o tem como único, a esse receberá a recompensa. A vida eterna. Deus, se apresenta vivo sempre, por isso sua Palavra está escrita em tempo presente "O Senhor faz justiça aos oprimidos, dá pão aos famintos, liberta os cativos, dá vista aos cegos, endireita os encurvado, guarda os estrangeiros, sustenta o órfão e ampara a viúva" (Sl 146. 7-9).
  O que comporta a vida? Difícil de definir a vida porque ela é um mistério, como acontece? è algo que vem de dentro para fora, somente o Deus sempre vivo, o que existe desde o início e que dá a vida de dentro para fora haveria de dar essa definição, mas entendê-lo em sua pericórese podemos chegar até a captação da concepção da verdadeira vida, vida eterna e vida humana.
 Podemos repensar nas seguintes características que comporta a vida: Organismo, Autofuncionamento, Totalidade arquitetônica, Reprodução, Realização. 
 Nós vivemos num processo de luta contra a morte, contra doenças, contra a batalhas psicológicas; mas também vivemos na esperança de uma vida eterna, onde não haverá mais choro ou dor.
Deus é a auto-realização eterna, sem precisar ser questionado o porque em viver. Ele é absoluto e não pode ser ameaçado pela destruição, porque Ele permanece para sempre, está acima do mal e do bem, pura e total.
Essa auto-realização é cada "Pessoa realizar as outras pessoas", Deus vive em plena e amorosa comunhão com os dois que compões a trindade. Juntos eles realizam muito mais e perfeito nas pessoas.

2. DEUS É UM COMUNGAR INFINITO
No Antigo Testamento, Deus é revelado como imagem nossa ao criar Adão - somos como Ele - , o patriarca em Abraão e o libertador em Moisés, que nos conduz. O tempo todo estamos conectados com Deus em alguma forma, há a necessidade de estar em comunhão com Ele. De estar Nele e Ele em nós.
No Novo Testamento, percebemos a comunhão de Deus com o Filho, e conforme 1 Jo 1.3, se estamos em Cristo, estamos também com o Pai.
Na Trindade, um  tem relacionamento interdependente com o outro, um não anula o outro, há reciprocidade entre os três, há amor entre eles e quem está com um está com o outro também. Eles juntos, são potenciados.
"Pai e Filho fazem uma entrega comum de si mesmos: é o Espírito Santo" (Pág. 169)
Deles emanam a essência de seus atributos, de seus sentimentos, da sua intimidade para conosco . Nesse laço, podemos ter comunhão infinita com Deus.

3. PERICÓRESE, A COMUNHÃO E INTERPRETAÇÃO DAS TRÊS DIVINAS PESSOAS.
Pericórese, quer dizer, na mais simples informação que entendi no latim, é um estar no outro, um morar dentro do outro, passivamente. Ativamente, é um entrelaçamento dos três: Pai, Filho e Espírito Santo.
Visualmente, pode-se ser assim, a representação da Pericórese:
A Trindade relacionada, morando uma dentro da outra,enquanto um com o outro se entrelaçam, os três formam um. Uma só comunhão entre os três.
Pesquisando símbolos, ainda encontrei esse que, se entrelaçam de tal forma, um interligando ao outro que mesmo se desfazendo eles continuam Um.
Essa relação pode se estender a nós?

É complicado explicar se sempre um existiu, no caso Deus, Ele quem criou os outros dois logo após Ele, então há um só Deus e dois administradores junto com Ele aos quais conferiu-lhes poder?
Existem três divindades se nossa religião é monoteísta, como se desenvolve?
Os três sempre existiram, Deus é Deus sempre, o início de tudo e ninguém O criou. Sendo Deus único, já havia o Filho, sua primeira criação, dentro de si mesmo e a essência que une os dois, o Espírito Deles, Santo, irreparável, incorruptível, puro, justo, amoroso.
Mesmo que nossos conceitos humanos sejam aplicados a descoberta da explicação do mistério da trindade, não haveriam palavras o suficiente para explicar como funciona tamanha perfeição a existência e funçao dos três em um só Deus.
O amor do Pai pelo Filho e do Filho pelo Pai torna a função do Espírito Santo como ligação entre dois.
A princípio a existência de cada um parece surgir parcialmente, temporalmente. Primeiro existiu Deus, sempre esteve lá, então em todo Antigo Testamento só havia esse Deus e Ele já  revelava o Filho através dos profetas, como se fosse criá-lo no Novo Testamento. E conseguinte, estava lá o Filho dando o testemunho do Pai, revelando o Pai em sua pessoa, mostrando a sua grande intimidade com o Pai, e exemplificando que todos nós podemos ter essa relação com o Pai. Após a morte física de Jesus, foi revelado o Espírito Deles a todos que creram e que crerão, o Espírito Santo que será a revelação de Deus em nós para toda a humanidade.
O que está com Cristo, está com Deus, tem o Espírito, se torna um também com a trindade.
A igreja está em comunhão com o Pai.


FORMAÇÃO DE UM EXEGETA

*Valmir Soares de Morais[1]


"Minha percepção sobre quais elementos são essenciais para formação de um exegeta e o que é preciso para realizar uma exegese bem feita que não se resuma mero exercício teórico."

"Textos Bíblicos estão perpassados com experiências de vida, também porque eles são frutos da fé, de experiências, da vida de pessoas e(m) comunidades. Talvez seja por isso que também nós levamos e podemos levar nossa vida para junto e para dentro da leitura e do estudo da Palavra! [...] A leitura então pode se tornar interativa e dinâmica: lemos o texto e buscamos sentir o pulsar da vida nas narrativas; tentando compreender o ser-diferente presente nos textos; esforçamo-nos em pesquisar o contexto vital daqueles relatos... Essas forças vitais sempre de novo são liberadas por meio do poder dinâmico da ruah divina" (Ivoni Richter Reimer)

Nunca havia passado pela minha cabeça, o quanto um "Diário" é tão importante na formação de uma pessoa. Não pelo fato de apenas, observar, destacar acontecimentos do dia a dia e ali registrá-los todos, às vezes em seus mínimos detalhes, a escrita e o narrar os fatos, uma história( daí parte o primeiro instrumento para a exegese, o texto). Mas em como se pode formar, quem sabe um futuro escritor, um futuro editor, um futuro jornalista, um futuro EXEGETA.
Lembro-me da minha esposa contando uma redação, em que ela fez na prova do vestibular, para narrar um fato real ou fictício que aconteceu na rua. A facilidade com que a redação fluiu, e a sua excelente nota, me chamou atenção somente, agora, o quanto pequenos detalhes são importantes em nosso dia a dia - e lá vem o "Diário" - e várias percepções e análises que fazemos do que vivemos, do que ouvimos, do que vimos.
Aprender a arte da interpretação, de maneira teórica me traz um desconforto, quando se trata de Bíblia. Mas, a profundidade de termos, a variedade de linguagem, considerando o tempo em que ela foi escrita, espaço, e sua finalidade, me leva a estudar mais e consequentemente pesquisar e conforme a curiosidade vai crescendo em uma simples palavra, me leva a passar horas de euforia, e pressa de descobrir o que está por trás de um texto escrito nela.
Pensando como cristão, que sou, a experiência de interpretar à luz do Espírito Santo, quando abrimos a Bíblia para ler, é muito melhor do que investigar, e trabalhar em cima dos textos como um técnico, ou mecanicamente.
Mas a Exegese, é muito mais para um teólogo, um pregador, entender de forma mais clara todo o contexto histórico e o que o autor quer passar ao leitor.
 "Ler é, pois, um ato de primeira instância no esboço da consciência de si mesmo e do outro[...]Ler é inscrever-se no mundo como signo, entrar na cadeia significante..." [2](YUNES, Ed.Aymará, pág. 35). A leitura é primordial na formação de um exegeta, e não somente ler, sem penetrar na história. Em um comercial do Governo, incentivando a leitura, dizia que "ler, é viajar". Sim, fazer uma leitura de qualidade, é viver o que está escrito, num sentido mesmo, abstrato. Conhecer, no sentido de "ser com", de estar dentro.
Um exegeta, deve ser alguém, que tenha amor por leitura. Que deseje saber, conhecer, o que contém na mente do autor e pra que finalidade tal texto foi escrito. Afinal, a leitura está no mundo para se comunicar com outras pessoas através da história, desde os tempos das cavernas.
Outro fator, que marca presença na formação de um exegeta, é a curiosidade e a sensibilidade de estar presente na história do outro.
"A interação demanda / ação, não apenas reação, demanda / interpretação, e não apenas explicação / compreensão de textos. O texto demanda o leitor e seu repertório de leituras"  [3](YUNES, 2002, pág. 101)
Ao iniciar, minha vida cristã, decidi ler a Bíblia toda, para saber o quê Deus queria me falar. No ano seguinte, refiz a leitura da Bíblia mas, dessa vez, comprei um caderno e anotei a interpretação de cada versículo. Não terminei o primeiro capítulo de Gênesis, então desisti e reli a Bíblia de novo com mais atenção e mais clareza, estava me dando muito trabalho escrever. Mal percebi, que o que estava fazendo, inconscientemente, era uma exegese.
Que percepção tremenda, é saber que qualquer um de nós podemos ser um exegeta! Antes de mais nada, ler e conhecer, é só início para darmos um passo a curiosidade e interpretar textos. Fazemos isso, desde o colegial, as professoras de Gramática sempre nos indicavam uma história e de lá surgiam as perguntas que elas elaboravam e nós respondíamos, essa fase da escola, ajuda muito na nossa formação.
Interpretar é entender aonde o autor quer chegar com tal história, o que o fez escrever, em que tempo ocorreu o fato, assim digo que é uma arte. Pois até os quadros, monumento e esculturas no levam à leitura e à interpretação da mente do artista.
Quando se fala em exegese, vem em nossa mente, um pregador esmiuçar textos bíblicos. Esquecemos, que um exegeta, faz interpretação de obras literárias e a Bíblia não deixa de ser uma obra, só que divinamente indicada a todos os homens. Logo, ao interpretá-la e ter a responsabilidade de repassar essa interpretação a outras pessoas, devemos pesquisar não somente o contexto histórico, e sim, outras fontes, originais, que possam nos ajudar nessa brilhante tarefa, de esclarecer a todos escolhidos por Deus. Sem falar, que também, tal tarefa está acontecendo nos dias atuais e devemos levar em consideração o que ela quer dizer HOJE. Em uma linguagem prática e relativa, conforme a cultura, costumes, idioma, deverá ser analisada e atualizada não perdendo nunca o foco do autor.
Um bom Exegeta, não deve ignorar o lugar em que ele está mas, também, deve sentir o que o autor sentiu no momento em que escreveu a obra. Destacando aqui, um parágrafo do texto Sobre a Palavra de Deus: hermenêutica bíblica e teologia fundamental, pode ser um exemplo de como  podemos ter várias interpretações em um único texto mas se nos aprofundarmos em pesquisas, teorias, hipóteses, investigações, chegaremos ao objetivo do autor. Lemos 2Cor 3,6 "Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica."
"[...]Paulo refere-se à letra da "antiga aliança", ou seja, as Escrituras de Israel, mais especificamente, a Torá mediada por Moisés.[...] Paulo se considera, com seus companheiros, ministro de uma "nova aliança", oposta ao 'serviço à morte grafado em pedras' [...] Paulo não despreza a Lei; [...] O serviço dedicado à 'letra' que Moisés exibiu nas tábuas do Sinai - não proporciona a vida em Cristo"[4](KONINGS, pág.13,14)
Vê-se a exegese feita por Konings, embora alguns líderes interpretam de outra maneira.
Resumindo sobre a percepção que tenho, quais elementos são essenciais para formação de um exegeta, são: interesse pela leitura e desejo de conhecer; sensibilidade em sentir o mesmo que o autor para interpretar; disposição para absorver o "novo", investigação e pesquisa e senso de realidade para usar a história como moral para os dias atuais.

Acima de tudo, é preciso ter o Espírito de Deus vivendo em nós, porque somente o dono da obra pode interpretar e apresentar o que ele pretendia ao "escrever", pintar, moldar. No caso, só o Espírito de Deus para fazer a revelação de sua vontade para a humanidade.
Cabe ao exegeta, maior esforço e mais dedicação no seu relacionamento com Deus, do que técnicas, dicas, de exercício teórico. É preciso ter a espiritualidade em movimento, para receber do Espírito Santo o impulso para leitura da Bíblia, o prazer em meditar e a vontade em experimentar em sua vida e depois compartilhar sua fé e as perspectivas do Senhor entre seu povo.
O EXEGETA, é um ministro, é um líder, é um missionário, é um pastor, um teólogo...
Para realizar uma Exegese bem feita, sem precisar de teorias, acima de tudo, é aceitar o Espírito para agir livremente em todo o intelecto, em todo o corpo, em toda a vida.



REFERÊNCIAS

* YUNES, Eliana. Pensar a Leitura: Complexidade.
   Editora PUC - Rio; São Paulo: Loyola, 2002
   178 p.; 21cm (Coleção Teologia e ciências humanas; 5)


* YUNES, Eliana. Tecendo um leitor: uma rede de fios cruzados.
   Editora Aymará. 1ª Edição


* GASDA, Élio Estanislau. Sobre a Palavra de Deus: Hermenêutica bíblica e Teologia Fundamental.
   Editora Vozes: Petrópolis - RJ; Editora PUC - Goiás, 2012


[1] * Seminarista Bacharel em Teologia
Universidade Grande Rio - UNIGRANRIO
Seminário Teológico Batista de Duque de Caxias
valmirsoaresjk@yahoo.com.br
[2] YUNES, Eliana. Tecendo um leitor: uma rede de fios cruzados. 1ª Edição. Editora Aymará
[3] YUNES, Eliana. Pensar a Leitura: complexidade. Editora PUC - Rio; São Paulo: Loyola, 2002.
[4] KONINGS, Johan. A Palavra de Deus entre a letra e o espírito. Sobre a Palavra de Deus: Hermenêutica bíblica e Teologia Fundamental. Élio Estanislau Gasda (org.) Petrópolis, RJ: Vozes; Goiânia: Editora PUC Goiás, 2012. Vários autores

CRÍTICA DO FILME: PONTO DE MUTAÇÃO



Como o filme foi baseado no livro de Fritjof Capra, de mesmo nome, parece-me em primeira mão, ao conhecer o perfil do escritor, que seu objetivo era mostrar ao leitor (telespectador, no caso do filme), seu pensamento naquilo que acredita.
Embora, no filme, vemos vários conceitos, girando em torno da humanidade e seu papel na sociedade como cidadão, representante da natureza, de onde veio e para onde vai com toda a irresponsabilidade no mundo em que vive. Qual o fim da natureza nas mãos do homem? Porque tantos sofrimentos e desigualdade em distribuição de riquezas? Porque o homem se tornou tão mecânico ao longo dos tempos?
Todas essas questões, acredito que sendo do ponto de vista de Carpra, foram declaradas através de um diálogo entre um Político (Jhon), um poeta (Tom) e uma Cientista (Sonia).
Os três iniciam um debate, baseado em suas experiências e funções, e em tudo o que se tornaram, apesar de muitas vezes serem questionados, confrontados um ao outro.
Ainda em meios às suas discussões teóricas sobre uma solução para melhorar o mundo, eles se deparam com dois jovens brincando em uma das salas, e reflete muitos jovens da atualidade, senão a maioria. Sem saber o que fazem e bastante despreocupados com o que representa aquele castelo para a história. A ignorância que muitos jovens, trazem consigo, sobre o seu lugar na sociedade, como responsável pelo mundo e o futuro, e sobre quem ele é pra ele mesmo. Isso me chamou a atenção.
Jhon, é um personagem, que mostra como um político se sente depois de alguns anos no mesmo trabalho, cheios de gente ao redor, com pressões dos seus assessores para cumprir agenda social e provavelmente de seus eleitores (como todo político) para respostas imediatas e soluções para satisfazer a necessidade do povo.
Tom, amigo de Jhon, que o recebe na França, que por sua vez, passa para nós uma imagem que normalmente temos de artistas. Se preocupa com sua arte, dificilmente se posiciona em favor de uma causa específica, de uma "bandeira" erguida pela maioria - ele me lembra a "Gata" dos Saltimbancos. Essa citação no início do filme, cai bem em Jhon "As pedras falam, eu estou calado."
Sonia, cientista que eles conhecem no monte de St Michel. Quando conhecemos sua vida, aliás é a única que conhecemos melhor, mostra o quanto ela se preocupa tanto com o mundo que chega a esquecer de seu papel na família. Geralmente, vimos pessoas assim, que se dedicam tanto a uma causa ao ponto de deixar tudo ao seu redor. Do pouco que entendi sobre a personagem, é que ela está mais ligada aos pensamentos filosóficos que ela aprendeu lendo livros do que com sua própria conclusão ou análise sobre eles, apesar de ser a que mais fala no filme, expondo "suas opiniões". Ela é o retrato do escritor, promovendo seu trabalho como físico e defensor da ecologia e conhecedor de filosofias orientais.
O filme, é maçante. Pra quem assiste é como se estivesse ouvindo a obra de Capra. Melhor, como se estivesse ouvindo um livro científico - ainda se diz um drama, o filme. Uma drama para nós que assistimos. O filme não prende, porque não é dinâmico mas, nos faz assistir até o final pelo interesse que nos desperta sobre a Humanidade e a Compreensão da vida.
Vale a pena, e também pensar nos questionamentos e conclusões que ele nos traz, a fim de formarmos nossa própria opinião no tema abordado por ele.